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Hoje, ao deixar um comentário aqui no blog, ao Marcelo, um dos meus companheiros de jornada terrena, lembrei-me deste texto.
Respirei profundamente. Pensei no homem que evitara o meu suícidio e me levara a dormir debaixo do viaduto. Ele não é Cristo, não tem vocação messiânica. Não faz milagres. Não promete o reino dos céus, nem promete um reino terreno e nem sequer nos dá segurança social. Não tem onde morar, é pobre, não tem carro, não possui seguro de saúde. Mas magnetiza-nos. Vive a arte da solidariedade, sonha em abrir a mente das pessoas, em combater o virus do sistema, em confrontar o egocentrismo.
Não seria menos perigoso deixar a sociedade continuar a ser uma fábrica de loucura? Não seria melhor deixar as pessoas lambuzarem-se com o individualismo, não seria mais confortável deixá-las serem mentes obtusas que não pensam nos mistérios da existência, mas nos superficiais mistérios dos produtos dos centros comerciais, dos computadores, da moda? Somos pequenos demais para fazer alguma coisa contra o poderoso sistema. Poderemos ser presos, feridos e ainda mais caluniados. In «O Vendedor de Sonhos», Augusto Cury
O apelo do desapego relativamente à matéria assola-nos fortemente quando começamos a descobrir em nós quem somos. Queremos desligar-nos daquilo que achamos que é A pertença... A nossa pertença, e concluímos que aquilo que entendemos como pertença é tudo o que temos. E pautamos o nosso Ser pelo Ter.
Surgem as dúvidas intrínsecas pelo caminho, à medida que vamos largando o lastro. Perguntamo-nos para onde vamos, ficamos quantas vezes perdidos e olhamos para trás, olhamos para o que já fomos, para o resto da sociedade consumista e materialista que nos tenta aspirar para o seu rebanho e já sabemos que não fazemos parte daquilo, porque no caminho ficámos conscientes de nós, e dos outros.
Procuramos curar as nossas feridas mais profundas, encarar as nossas sombras, e atraímos para nós situações que nos conduzem precisamente ao que necessitamos de vivenciar até percebermos que... não é por ali!
Depois chega um momento, em que dizemos... Basta!
E começamos a acreditar que de facto há algo mais forte em nós. O nosso coração enche-se de Amor, de humanidade, de alegria e de paz.
Tomamos atenção às palavras, aos pensamentos e percebemos que não é fugindo das situações e das pessoas que nos curamos. Passamos a aceitar - aceitar não é resignar! -, a perdoar e, a procurar ver o brilho em cada um e em cada coisa. É isso que nos ilumina.
Aprendemos que um pequeno toque nosso, um gesto, uma palavra, um sorriso, um abraço, ou um silêncio, produzem um efeito profundo, o chamado "ripple effect" ou efeito de onda.
Aprendemos que todos contêm em si um pouco de nós mesmos, e que nós contemos em nós um pouco de todos os outros, e que o resgate de nós mesmos, passa por resgatar nos outros essas mesmas partes. E que as nossas acções não precisam de ser magnânimes mas simples e eficazes.
Não me adianta dizer que não gosto dele ou dela, porque ele ou ela, têm neles algo que me reflete um pouco e é esse espelhar que não gosto. Vejo a minha sombra nos outros. E o meu ego não gosta. Nenhum gosta!
No entanto, se eu sou um ser de consciência, é meu dever ir resgatar essa parte de mim. É importante para o meu ser que o faça, mas saberei que para além de contribuir para o meu crescimento, estarei a contribuir para o crescimento do outro.
Aceito essa parte em mim, resgato-a, amo-a, integro-a. Ela (a sombra), também sou eu.
E, doçura de vida esta pois quando cresço, vejo o outro a mudar também, a crescer! Tirei-lhe um peso de cima, contribuo para o seu bem estar, para que possa sentir em si um maior Amor. O amor por si próprio.
E o que fiz? Sei lá, talvez um simples toque de asa.
É necessário sim! Enchermos o coração e darmos um pouco de nós numa profunda entrega, porque isso é o que se chama de serviço. Servir a humanidade e o nosso irmão mais próximo.
Não precisamos de forçar nada nem ninguém, eles hão-de descobrir o seu caminho, tal como nós vamos descobrindo o nosso a cada dia que desponta e essa é a imensa maravilha de estar vivo!
E temos que aceitar que nem todos poderão aceitar fazê-lo, mas essa escolha é a eles que pertence. Mas em Amor, estivemos lá e fizemos e demos sem pedir em troca.
O céu abençoa-nos sempre que há doação. E o coração enche-se com mais amor!
Certa vez, houve uma inundação numa floresta imensa. O choro das nuvens que deveriam promover a vida dessa vez anunciou a morte. Os animais grandes bateram em retirada fugindo do afogamento, deixando até os filhos para trás. Devastaram tudo o que estava à frente. Os animais mais pequenos seguiam os seus rastos. De repente, uma andorinha, toda ensopada apareceu na direcção oposta procurando a quem salvar.
- As hienas viram a atitude da andorinha e ficaram admiradíssimas. Disseram: «És louca! O que poderás fazer com um corpo tão frágil?» Os abutres bradaram: «Utópica! Vê se enxergas a tua pequenez!» Por onde a frágil andorinha passava, era ridicularizada. Mas, atenta, procurava alguém que pudesse resgatar. As suas asas batiam fatigadas, quando viu um filhote de beija-flor debatendo-se na água, quase a desistir… Apesar de nunca ter aprendido a mergulhar, atirou-se à água e com muito esforço pegou no diminuto pássaro pela asa esquerda. E bateu em retirada, carregando o filhote no bico.
- Ao regressar, encontrou outras hienas, que não tardaram a declarar: «Maluca! Quer ser uma heroína!» Mas não parou; muito cansada, só descansou depois de deixar o pequeno beija-flor num local seguro. Horas depois encontrou as hienas debaixo de uma sombra. Fitando-as nos olhos, deu a sua resposta: «Só me sinto digna das minhas asas se as utilizar para fazer os outros voarem.» In «O Vendedor de Sonhos», Augusto Cury
Na verdade, o que quer que façamos nesta vida, tocamos sempre alguém, crescemos com esse alguém e esse alguém connosco. Não estamos nunca sós, e pensar que assim é, remete-nos ao isolamento. Seja um isolamento de tristeza profunda tipo patinho feio, seja o isolamento egóico da sabedoria encerrada em torres de marfim.
E é profundamente grata que estou à vida, por me ter dado estes ensinamentos, pois levou-me à compreensão de um Todo imenso que nos preenche o coração. Que eu posso ser muito, posso estar completa em mim, mas se não tenho a quem dar também, de que me serve EU-SÓ-NO-MUNDO?
Somos o universo em nós mesmos. Eu e Tu somos Deuses e o Amor é o que nos Une.
Tenham um bom dia e sejam felizes. Muito felizes MESMO! :)
Onda Encantada"I am enough of an artist to draw freely upon my imagination. Imagination is more important than knowledge. Knowledge is limited. Imagination encircles the world." — Albert Einstein
6 comentários:
Bravo, querida. Lindo, inspirador, sensível profundo, sábio... qualquer adjetivo parece pouco perto do que escreveu. Que bom, precisava ler algo assim hoje.
Grato pelo link, grato por tudo!
bjossssssssssss
Olá Onda Encantada, lindo texto.Fiquei comovida ao ler tamanha beleza verdadeira.Beijocas grandes e bom fim de semana.
É exatamente isso..exato! adorei ler, sabemos que a verdadeira ação é a da aceitação, abraçarmos quem somos só assim podemos nos curar e nos curando pela aceitação do que Somos, mudamos o Mundo a nossa Volta..lindo texto!
Oi Marcelo,
Foi o meu sentir do momento!
Gratidão à vida e Amor, geram abundância, sabias?
Bjo
Maria Fatima,
grata pelas tuas palavras de carinho.
Beijinho e bom fim de semana :)
Essencia Orion,
é isso mesmo! Ao mudarmo-nos, aceitarmo-nos, amarmo-nos, tocamos tudo à nossa volta!
De nada vale tentar mudar o que quer que seja sem nos mudarmo-nos a nós primeiro :)
Em sintonia ;)
Abraço terno
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