sexta-feira, outubro 30

Os 12 Trabalhos de Hércules - 9º Trabalho





Os 12 Trabalhos de Hércules

é um trabalho conjunto elaborado

por

Para a jornada da alma

Escolhemos abordar os seguintes temas

Mitologia, Astrologia e Tarot


9º Trabalho

A morte dos Pássaros de Estínfalo

Acabar com as tendências do uso do pensamento destrutivo


Mitologia

Era tempo de mudar o seu caminho. Desta vez Hércules teria que procurar no pântano de Estínfalo, lugar de habitação dos pássaros destruidores e descobrir a forma de os espantar desta sua morada.

O mestre disse-lhe “A chama que brilha além da mente revela a direcção certa”. Após longa procura, conseguiu encontrar o fétido pantanal e os barulhentos ameaçadores pássaros.

Cada pássaro tinha um bico de ferro, afiado como uma espada. As penas pareciam dardos de aço que ao caírem poderiam cortar ao meio a cabeça de quem por ali passasse. As suas garras eram igualmente ferozes.

Ao verem-no três pássaros se lhe dirigiram ao que ele ripostou com a sua clava, fazendo cair no chão duas penas.

Parado à beira do pântano pensava em como livrar-se dos terríveis pássaros. Pensou em setas, em armadilhas no pântano e lembrou-se então do conselho que recebera “A chama que brilha além da mente revela a direcção certa” e reflectindo longamente lembrou-se de dois pratos de bronze que possuía e que emitiam um som estridente, não terreno; um som áspero e penetrante capaz de acordar os mortos. Até para si próprio o som se torna intolerável.

Aguardando pela noite, em que os pássaros estariam todos pousados, tocou os pratos aguda e repetidamente. Assustados e perturbados por ruído tão monstruoso, os pássaros levantaram voo guinchando e, fugindo para nunca mais voltar.

Astrologia

Este nono trabalho está associado a Sagitário e Gémeos. O ruído dos pássaros é associado ao excesso de comunicação e expressão do signo de gémeos, e que os pássaros utilizam para devastar a região. Em Sagitário, o arqueiro, bem como em Escorpião, Hércules assumiu e completou o trabalho iniciado em Carneiro. Em Carneiro, ele lidava com o pensamento, enquanto em Sagitário, ele já demonstra completo controlo do pensamento e da palavra. No momento em que nos libertamos da ilusão, entramos em Sagitário e vemos o objectivo. Nós nunca o víramos antes, porque o-entre-nós-e-o-objectivo, encontram-se sempre os pensamentos-forma que nos impedem de vê-lo, ou seja, não conseguimos ver as nossas metas.

Sagitário é o signo preparatório para Capricórnio, e por vezes chamado de “o signo do silêncio”, porque esta é a lição de Sagitário: restrição da fala através do controlo do pensamento porque depois de abandonar o uso das formas comuns da fala, tais como falar da vida alheia, então será preciso aprender a silenciar sobre a vida da alma. O recto uso do pensamento, o calar-se e a consequente inofensividade do plano físico, resultam na libertação; pois nós somos conservados na unidade humana não por alguma força externa que nos mantenha ali, mas pelo que nós mesmos temos dito e feito. No momento em que não mantivermos mais relações erradas com as pessoas pelas coisas que dissermos quando deveríamos ter ficado calados, no momento em que paramos de pensar sobre as pessoas, coisas que não deveríamos pensar, pouco a pouco aqueles laços que nos prendem à existência planetária são rompidos, ficamos livres e escalamos a Montanha como o bode em Capricórnio. Em Sagitário, o primeiro dos grandes signos universais, vemos a verdade como o todo quando usamos as flechas do pensamento correcto. Todas as várias verdades formam uma verdade; é disso que nos damos conta em Sagitário.

Tarot


Nesta tarefa é o Eremita que entra em acção. Mais uma vez o herói vai ajudar alguém, mas desta vez não é o Hierofante que sai à rua mas sim o Eremita. m novo caminho começa a ser a trilhado e o herói já não precisa de ter seguidores, ele sabe agora que a única presença que precisa é a sua voz interior. O Eremita é um Arcano muito interessante, ele é o ser triunfante das lutas no lodo, ele é o lado introspectivo do Louco.

A sua Sabedoria é evidente, ele sabe quando esperar e quando actuar. Sabe a Força que tem e acima de tudo já se conhece a si próprio. Note-se que o lodo foi substituído por pântanos, as águas começam a ser domadas. O Eremita nesta tarefa vai encontrar o Juízo Final para o ajudar a concretizar a sua missão. O Juízo Final é uma energia de despertar, é um som anunciador de novidades, é a voz de um Anjo que chama por nós. É a derradeira prova, a morte acontece para que depois das outras provas se possa renascer na liberdade total do Ser.

O herói ouve o chamado e já não tem medo, reconhece que a sua vida é uma missão constante e que em cada virar da esquina há aprendizagens a fazer. Ele é o condutor do seu carro, mas também ele é guiado por uma voz superior.

«O Eremita vive sozinho, mas nunca em solidão. Ele ouve as vozes do Mundo e sabe onde é o seu lugar»

quarta-feira, outubro 28

Os 12 Trabalhos de Hércules - 8º Trabalho



Os 12 Trabalhos de Hércules 

é um trabalho conjunto elaborado

por 



Shin-Tau (Grimoire do Mago) 

Para a jornada da alma 

Escolhemos abordar os seguintes temas 

Mitologia, Astrologia e Tarot




 


8º Trabalho 
“A destruição da Hidra de Lerna” 

O Controle e superação dos desejos. A sua maior prova. 

Mitologia

Conta a lenda que na antiga terra de Argos ocorreu uma seca. Amímona que reinava nessas terras, procurou a ajuda de Neptuno. Este recomendou que se batesse numa rocha, e quando isto foi feito, começaram a correr três correntes cristalinas; mas logo uma hidra fez ali a sua morada.
O mestre disse a Hércules: “Para além do Rio Amímona, fica o fétido pântano de Lerna, onde está a hidra, uma praga para as redondezas. Nove cabeças tem esta criatura, e uma delas é imortal. Prepara-te para lutar com essa asquerosa fera e não penses que os meios comuns serão de valia; se uma cabeça for destruída, duas aparecerão em seu lugar.” 

Hércules estava ansioso e antes de partir, seu Mestre ainda lhe disse: “Uma palavra de aconselhamentos só, posso dar. Nós nos elevamos, nos ajoelhando; conquistamos, nos rendendo; ganhamos, dando. Vai, oh filho de Deus e filho do homem, e conquista.”

Chegando ao estagnado pântano de Lerna, que era um charco que desanimava quem dele se aproximasse e cujo mau cheiro poluía toda a atmosfera em um raio de sete milhas; Hércules teve que fazer uma pausa pois o simples odor por pouco o derrotava. As areias movediças eram uma ameaça e mais uma vez Hércules rapidamente retirou seu pé para não ser sugado para dentro da terra que cedia. Finalmente ele descobriu onde se ocultava a hidra. 

Numa caverna de noite perpétua vivia a fera, porém não se mostrava e Hércules inutilmente vigiava. Recorrendo a um estratagema, ele embebeu suas setas em piche ardente e as despejou directamente para o interior da caverna onde habitava a horrenda fera. Uma enorme agitação se seguiu e a hidra com as suas nove e zangadas cabeças emergiu, chicoteando a água e a lama furiosamente. Com três braças de altura, algo tão feio como se tivesse sido feito de todos os piores pensamentos concebidos desde o começo dos tempos. A hidra atacou, procurando envolver os pés de Hércules que saltou e lhe deu um golpe tão severo que logo decepou uma das cabeças, mas mal a horrorosa cabeça tocou o solo, duas cresceram em seu lugar. Repetidamente Hércules atacou o monstro, mas ele ficava cada vez mais forte. Então Hércules lembrou-se das palavras do Mestre: “nós nos levantamos ajoelhando”.

Pondo de lado a sua clava, Hércules se ajoelhou, agarrou a hidra com suas mãos nuas e ergueu-a. Suspensa no ar, a sua força diminuiu. De joelhos, então, ela sustentou a hidra no alto, acima dele, para que o ar purificado e a luz pudessem surtir o seu efeito. O monstro, forte na escuridão e no lodo, logo perdeu a sua força quando os raios do sol e o toque do vento o atingiram. As nove cabeças caíram, mas somente quando elas jaziam sem vida Hércules percebeu a cabeça mística que era imortal. Ele decepou essa cabeça e a enterrou, ainda sibilante, sob uma rocha.

Astrologia

Este trabalho está associado ao signo de escorpião. O verdadeiro teste de Escorpião nunca tem lugar antes que o estudante fique coordenado, antes que a mente, a natureza emocional e a natureza física estejam funcionando como uma unidade. Então o homem entra em Escorpião onde o seu equilíbrio é subvertido e o desejo parece exagerado, quando ele pensava que se havia livrado dele.

Aqui ele descobre que a personalidade não deve ser morta, nem pisoteada; ele deve ser reconhecida como um triplo canal de expressão para três aspectos divinos. Tudo depende de se nós usamos a tríplice personalidade para fins egoístas. Resumindo: em Escorpião o Ego está determinado a matar o pequenino ego para ensinar-lhe o significado da ressurreição. Em Escorpião também, o homem é testado para ver quem vai triunfar, a forma ou o Cristo, o Eu Superior ou o eu inferior, o real ou o irreal, a verdade ou a ilusão.

Foi dito a Hércules que encontrasse a hidra de nove cabeças que vivia num fétido e húmido pântano. Este monstro tem a sua contra parte que habita nas cavernas da mente, na escuridão e lama dos recessos obscuros da mente, onde ele floresce. Profundamente alojada nas regiões subterrâneas do subconsciente, ora calma, ora explodindo em tumultuado frenesim, a fera estabelece morada permanente. Não é fácil descobrir a sua existência e lutar contra um inimigo tão formidável é de facto uma tarefa heróica para o homem. Uma cabeça decepada, e eis que outra cresce no seu lugar. Toda a vez que um desejo, ou pensamento baixo é eliminado, outro toma o seu lugar.

Hércules fez três coisas: ele reconheceu a existência da hidra, procurou pacientemente por ela, e finalmente destruiu-a.

É necessário ter discriminação para reconhecer a sua existência; paciência para descobrir a sua toca; humildade para trazer lodosos fragmentos do subconsciente à superfície, e expô-los à lua da sabedoria.

Enquanto ele lutou no pântano, no meio da lama e das areias movediças, ele foi incapaz de dominar a hidra. Ele teve de erguer o monstro no ar; isto é, deslocar seu problema para outra dimensão para poder resolvê-lo. Com toda a humildade, ajoelhando-se na lama, ele teve de examinar seu dilema à luz da sabedoria e na elevada atmosfera do pensamento que buscava. É dito que uma das cabeças é imortal o que implica que toda a dificuldade, por mais terrível que possa parecer, contem um jóia de grande valor.

Nenhuma tentativa para dominar a natureza inferior e descobrir aquela jóia, jamais será fútil.
A cabeça imortal, separada do corpo da hidra, é sepultada sob uma rocha, isto implica que a energia concentrada que cria um problema ainda permanece, purificada, redireccionada e aumentada após a vitória ter sido conquistada. Tal poder deve ser correctamente canalizado e controlado. Sob a rocha da vontade persistente, a cabeça imortal torna-se uma fonte de poder.
A tarefa tinha nove facetas e cada cabeça da hidra representa um dos problemas que assaltam a pessoa corajosa que busca conquistar o domínio de si mesmo. Três dessas cabeças simbolizam os apetites associados ao sexo, o conforto e o dinheiro. Os próximos três dizem respeito às paixões do medo, do ódio e do desejo de poder. As últimas três cabeças representam os vícios da mente humana não iluminada: orgulho, separabilidade, e crueldade.

As dimensões da tarefa que Hércules empreendeu são assim claramente aparentes. Ele teve que aprender a arte de transmutar as energias que tão frequentemente precipitam os seres humanos em tragédias. As nove forças que, desde o princípio dos tempos, trouxeram destruição entre os homens, tiveram de ser redireccionadas e transmutadas. Ainda aspiramos à conquista espiritual que Hércules alcançou.

Os problemas que surgem do mau uso da energia conhecida como sexual ocupam nossa atenção a cada instante. O amor ao conforto, à luxúria e às posses externas ainda cresce. A luta pelo dinheiro como um fim em vez de um meio reduz as vidas de incontáveis homens e mulheres.
Assim a tarefa de destruir as primeiras três cabeças continua a desafiar as forças da humanidade, milhares de anos depois Hércules haver realizado o seu extraordinário feito. As três qualidades do carácter que Hércules tinha de expressar eram a humildade, a coragem e a discriminação. Humildade para ver o seu compromisso objectivamente e reconhecer as suas falhas; coragem para atacar o monstro que jazia enroscado nas raízes da sua natureza; discriminação para descobrir uma técnica para enfrentar o seu inimigo mortal.

Tarot


Com os cavalos do Carro dominados, o herói avança para a Justiça. Com esta energia ele terá de provar que as suas decisões são tomadas em consciência, usando o mental tão bem como o emocional. E assim o faz, nesta tarefa Hércules demonstra que o seu lado racional está activado e que prevalece em relação aos seus instintos naturais, ele não é mais um animal instintivo mas sim um animal racional, que sabe usar sensatamente cada um.

A Justiça tem pouco a ver com o que a palavra justiça representa para nós actualmente. A Justiça deveria ser chamada de Equilíbrio para evitar que julguemos tratar-se aqui de um momento em que as contas se vão acertar. A Justiça representa um momento de avaliação, sim, mas um momento de avaliação em que cada um terá de provar que alcançou o equilíbrio interior dos opostos para poder avançar. Por isso, ela é representada com uma balança, é o momento em que pesamos quais dos dois lados estamos mais a utilizar e reflectir sobre o assunto para evitar excessos. A Balança deve estar equilibrada, nem mais emoção, nem mais racional, e como conseguimos isso? Ajustando cada dia. Em cada acção compreender como temos tendência para agir e modificar. Foi o que Hércules fez, pois a sua primeira atitude foi agir como sempre, até que parou, ponderou e ajustou.

Nesta tarefa esconde-se uma aprendizagem importante, não mais que as outras, mas bastante importante. O Héroi encontra-se perante um estado avançado de iniciação e, como tal, tem na sua frente uma prova a esse nível. No Tarot podemos equipara esta prova com a passagem do Arcano XVIII, a Lua, para o XIX, o Sol, que é complicada por ser brusca. Passar de um estado de inconsciência, onde utilizamos os nossos dons de forma instintiva e não racionalizada, para outro onde sabemos e escolhemos o que fazemos e quando o fazemos, não é fácil e muitos iniciados falham em superar esta prova.

Quando mergulhamos nas nossas águas interiores, muitas vezes ficamos lá prisioneiros pois o lodo pode ser muito e a consciência para lidar com ele pouca. Era o que estava acontecer com o nosso herói, mas tal como acontece connosco, há sempre uma voz que nos avisa e aconselha. Essa voz aconselhou-o a elevar e assim é sempre. Quando conseguimos elevar os nossos lados negros à Luz tudo se resolve. Quando conseguimos trazer a Luz do Sol ao lodo interior que habita em nós, o lodo seca e torna-se num campo fértil pronto para ser cuidado. O lodo é criado por acções repetidas, nesta ou noutras vidas, o lodo é mantido por falta de reflexão. As emoções muitas vezes se escondem nesse lodo, o racional pode ajudar a clarificar e transmutar essas emoções.

Não queremos com isto dizer que o lodo é negativo, lembrem-se é no equilíbrio que reside a Sabedoria. O Ying e o Yang devem ser perfeitos em nós!

«Na Justiça o herói precisa de revelar humildade para ouvir conselhos, coragem para agir perante tanta escuridão e discriminação para escolher o que deve permanecer o que deve transmutar. As escolhas feitas no equilíbrio darão a chave para avançar da Lua ao Sol!»

segunda-feira, outubro 26

Os 12 Trabalhos de Hércules - 7º Trabalho




Os 12 Trabalhos de Hércules 

é um trabalho conjunto elaborado

por 





Para a jornada da alma 

Escolhemos abordar os seguintes temas 

Mitologia, Astrologia e Tarot



7º Trabalho


“A captura do javali de erimanto”
A aquisição e integração do equilíbrio dos opostos. A segunda iniciação


Mitologia  

Neste sétimo trabalho, Hércules é incumbido de capturar o Javali de Erimanto, sem contudo saber que este trabalho era na verdade uma dupla prova: a prova da amizade rara e da coragem destemida. Foi-lhe recomendado que procurasse pelo javali e Apolo que lhe deu um arco novo para usar, porém Hércules disse que não o levaria consigo, porque temia matar. Ele disse: “Eu não o levarei comigo neste trabalho, pois temo matar. No meu último trabalho nas praias do grande mar, eu matei. Desta vez não farei isso. Deixo aqui o arco.”

E assim desarmado, a não ser por sua clava, ele escalou a montanha, procurando pelo javali e encontrando um espectáculo de medo e terror por toda a parte. Mais e mais ele subia e em determinada altura encontrou um amigo, Pholos, que fazia parte de um grupo de centauros, conhecidos dos deuses. Eles pararam e conversaram e por algum tempo Hércules esqueceu-se do objectivo da sua busca. E Pholos convidou Hércules para furar um barril de vinho, que não era dele mas do grupo de centauros e que viera dos deuses, juntamente com a ordem de que eles jamais deveriam furar o barril, a não ser quando todos os centauros estivessem presentes, já que ele pertencia ao grupo. Mas Hércules e Pholos abriram-no na ausência dos seus irmãos, convidando Cherion, um outro sábio centauro, para se juntar a eles. Assim ele fez, e os três beberam e festejaram e se embebedaram-se e fizeram muito ruído que foi ouvido pelos outros centauros.  

Enraivecidos eles vieram e seguiu-se uma feroz batalha e uma vez mais Hércules fez-se mensageiro da morte e matou os seus amigos, a dupla de centauros com quem ele antes tinha bebido.  

E, enquanto os demais centauros com altos lamentos choravam as suas perdas, Hércules escapou novamente para as altas montanhas e reiniciou a sua busca pelo javali. Até aos limites das neves ele avanlou, seguindo a pista do animal, mas não o encontrava. Depois de muito pensar, Hércules colocou uma armadilha habilidosamente oculta e esperou nas sombras pela chegada do javali.  

Quando a aurora surgiu, o javali saiu da sua toca levado por uma fore atroz e caiu na armadilha de Hércules que, no tempo devido, libertou a fera selvagem, tornando-a prisioneira da sua habilidade. Ele lutou com o javali e domesticou-o, e fê-lo fazer o que lhe determinava e seguir para onde Hércules desejava. Do pico nevado da alta montanha Hércules desceu, regozijando-se no caminho, levando adiante de si, montanha abaixo, o feroz, contudo domesticado javali. Pelas duas pernas traseiras ele conduziu o javali, e todos na montanha se riam ao ver o espectáculo. E todos os que encontrava Hércules, cantando e dançando pelo caminho, também riam ao ver a sua caminhada. E todos na cidade riram ao ver o espectáculo: o exausto javali e o homem cantando e rindo.

Quando reencontrou seu Mestre, este lhe disse: “O Sétimo Trabalho foi completado. Medita sobre as lições do passado, reflecte sobre as provas. Por duas vezes mataste a quem amavas. Aprende porquê.” E Hércules permaneceu onde estava, preparando-se para o que mais tarde iria ocorrer: a prova suprema. 


Astrologia 

Este sétimo trabalho está associado ao signo da Balança e Carneiro, onde a aprendizagem consiste na capacidade de manter o equilíbrio perante as adversidades (Balança), sendo capaz de manter as necessidades básicas atendidas (Carneiro).

A Balança é o primeiro signo que não tem um símbolo humano ou animal, mas sustentando a balança, está a figura da Justiça – uma mulher com os olhos vendados. Ele apresenta-se com muitos paradoxos e extremos, dependendo de se o discípulo que se voltou conscientemente para o caminho de volta ao Criador segue o zodíaco segundo os ponteiros do relógio, ou no caminho inverso. Diz-se que é um interlúdio, comparável com a silenciosa escuta na meditação; um tempo de cobranças do passado.  

Neste ponto percebemos como o equilíbrio dos pares de opostos deve ser atingido. A balança pode oscilar do preconceito até à injustiça ou julgamento; da dura estupidez à sabedoria entusiástica. Neste majestoso signo de equilíbrio e justiça nós verificamos que a prova termina numa explosão de riso, o único trabalho em que isso acontece. 

Hércules conviveu, riu e cantou com os amigos, sendo que a socializar é uma característica da Balança, e em vez de seguir a recomendação, de abrir o barril para o grupo, abriu-o para celebrar com um único centauro, procurando aqui um espelho, uma identificação com o outro. E embora estivesse determinado a não matar, o seu impulso, primeiro, de Carneiro foi mais forte. No entanto, Hércules conseguiu também entregar o javali ainda com vida e já domesticado, demonstrando que era possível domesticar o animal, devido à sua dedicação e delicadeza no trato, atributo natural da Balança. 


Tarot


O Herói chegou ao fim de um ciclo de provações e precisa agora de demonstrar que consegue aplicar tudo o que aprendeu. Não basta ficar com a lição aprendida na nossa mente e no nosso coração, é preciso demonstrá-lo, como? Concretizando aquilo em que acreditamos. Esta é a energia do Carro.

Hércules teve problemas em fazer escolhas correctas, optava sempre por matar e não domar as suas vítimas. Todavia, nesta tarefa, mesmo se ainda não é o ideal, o herói demonstra na prática as suas conquistas. Consegue já domar os animais que tem de enfrentar, como o condutor do Carro que se vê frente a dois cavalos que puxam em direcções opostas, mas que com a sua habilidade os leva onde pretende.

Demonstra Amor a quem encontra mas quando em perigo decide usar as suas capacidades, pois poderia ter escolhido não matar os Centauros, mas afinal encontrava-se numa batalha e nela apenas ainda sabe usar a sua Força.

Ao demonstrar que aprendeu as lições anteriores, o herói deixa de ser o Mago e passa ao Louco, realiza uma nova inicação. O louco não se preocupa mais com o que o exterior pensa de si, o Louco apenas É o que É e age dessa forma. 

«Com os opostos equilibrados o Carro avança! O domínio dos opostos leva o herói em frente!»

domingo, outubro 25

Em Oração - Pai Nosso





Post velhinho, aqui em 'stand-by' à espera de ser "ACTIVADO"... desde Julho de 2008... e hoje, procurando algo... encontrei-o...

Às vezes os baús trazem-nos coisas boas, e esta oração, assim entoada, nesta lingua, simplesmente... 

  ENCHE-ME A ALMA!!!

 
ABWOON
Abwoom d, bwahmaya
Nethqadash shmakh
Teytey malkuthakh
Nehwey tzevyanach aykanna d'bwahmaya aph b'arha
Hawvlan lachma disunqanan yaomana
Washboqlan khaubayn aykana daph khan shbwoqan l'khayyabayn
Wela tahlan l'nesyuna ela patzan min bisha
Metol dilakhie malkutha wahayla wateshbukhta l'ahlam almin
Ameyn


Pai Nosso Aramaico

Ó Força Procriadora. Pai-Mãe dos Cosmos,
Focaliza Tua Luz dentro de nós, tornando-A útil.
Cria Teu reino de Unidade, agora
O Teu desejo Uno actue então como nosso,
assim como em toda luz e em todas as formas.
Dá-nos todos os dias o que necessitamos em pão e entendimento
Desfaz os laços dos erros que nos prendem,
assim como nós soltamos as amarras com que aprisionamos os nossos irmãos
Não permitas que as coisas superficiais nos iludam
Mas liberta-nos de tudo o que nos detém
De ti nasce toda vontade reinante,
o poder e a força viva da ação,
a canção que se renova de idade a idade,
e a tudo embeleza.
Verdade e poder a esta declaração
Que possa ser o solo do qual cresçam todas as minhas acções: Amém





Assim Seja!



Onda Encantada

Nota: Este post era ... tão velhinho que quando o publiquei foi parar a 13.07.2008... lololol... e eu à procura do post! :P
Ah! e parece que hoje muda a hora 'né?... já não sei se é +1 se -1. :| (dahhhh oh Onda, vai ver à net!)

sexta-feira, outubro 23

Os 12 Trabalhos de Hércules - 6º Trabalho







 
Os 12 Trabalhos de Hércules

é um trabalho conjunto elaborado

por




Onda Encantada (Difusão da Alma)

Shin-Tau (Grimoire do Mago)




Para a jornada da alma



Escolhemos abordar os seguintes temas

Mitologia, Astrologia e Tarot

6º Trabalho

“A Tomada do cinturão de Hipólita”
A preparação do discípulo, a primeira iniciação



Mitologia
 
Este trabalho leva Hércules até às praias onde vivia a grande rainha, que reinava sobre todas as mulheres do mundo conhecido. Elas eram suas vassalas e guerreiras ousadas. Nesse reino não havia homens, só as mulheres reunidas em torno da sua rainha, Hipólita.

A ela pertencia o cinturão que lhe fora dado por Vénus, a rainha do Amor. Aquele cinturão era um símbolo da unidade conquistada através da luta, do conflito, da aspiração, da maternidade e da sagrada Criança para quem toda a vida humana está verdadeiramente voltada. 

“Ouvi dizer”, disse Hipólita às guerreiras, “que está a caminho um guerreiro cujo nome é Hércules, um filho do homem e no entanto um filho de Deus; a ele eu devo entregar este cinturão que eu uso. Deverei obedecer a ordem, oh Amazonas, ou deveremos combater a palavra de Deus?” Enquanto as Amazonas reflectiam sobre o problema, foi passada uma informação, dizendo que ele se havia adiantado e estava lá, esperando para tomar o sagrado cinturão da rainha guerreira. 

Hipólita dirigiu-se ao encontro de Hércules. Ele lutou com ela, combateu-a, e não ouviu as palavras sensatas que ela procurava dizer. Arrancou-lhe o cinturão, somente para deparar-se com as mãos dela estendidas e lhe oferecendo a dádiva, oferecendo o símbolo da unidade e amor, de sacríficio e fé. 

Entretanto, tomando-o, ele, matou quem lhe dera o que ele exigira. E enquanto estava ao lado da rainha agonizante, consternado pelo que fizera, ele ouviu a voz do mestre que dizia: “Meu filho, por que matar aquilo que é necessário, próximo e caro? Por que matar a quem você ama, a doadora das boas dádivas, guardiã do que é possível? Por que matar a mãe da Criança sagrada?

Novamente registamos um fracasso (recorde-se na morte de Abderis no Primeiro Trabalho). Novamente você não compreendeu. Ou redimirá este momento, ou não mais verá a minha face.” 

Hércules partiu em silêncio deixando as mulheres lamentando a perda da liderança e do amor. Quando ele chegou às costas do grande mar, perto da praia rochosa, ele viu um monstro das profundezas trazendo presa em suas mandíbulas a pobre Hesione. Os seus gritos e suspiros elevavam-se aos céus e feriram os ouvidos de Hércules, perdido em remorsos e sem saber que caminho seguir. Dirigiu-se prontamente em sua ajuda quando ela desapareceu nas cavernosas entranhas da serpente marinha. 

Esquecendo-se de si mesmo, Hércules nadou até o monstro e desceu até o fundo do seu estômago onde encontrou Hesione. Com a sua mão esquerda ele agarrou-a e segurou-a junto a si, enquanto com a sua espada se esforçou para abrir caminho para fora do ventre da serpente até a luz do dia. E assim ele salvou-a, equilibrando seu feito anterior de morte. 

Pois assim é a vida: um acto de morte, um acto de vida, e assim os filhos dos homens, que são filhos de Deus, aprendem a sabedoria, o equilíbrio e o caminho para andar com Deus.


Astrologia

Este trabalho está associado à Virgem, signo onde a consciência de Cristo é concebida e nutrida através do período de gestação até que por fim em Peixes, o signo oposto, o salvador mundial nasce.

Note-se que nos dois Trabalhos onde Hércules vence, na verdade, são os dois onde ele se saiu mal justamente com os seus opostos, femininos (as éguas bravias e a rainha das Amazonas).
Assim a guerra entre os sexos é de origem antiga, na verdade, está inerente na dualidade da humanidade.

O Leão é o rei dos animais. Nele alcançamos a personalidade integrada; mas em Virgem é dado o primeiro passo para a espiritualidade, a alma é chamada de filho da mente, e Virgem é regida por Mercúrio, que leva a energia da mente.

É em virgem que, o mau uso da matéria representa o maior erro de toda a peregrinação de Hércules: atentar contra o Espírito Santo; quando ele não compreendeu que a rainha das Amazonas devia ser redimida pela unidade, e não morta, e foi aí que ele sentiu a dor do signo de Peixes, diante do sofrimento humano provocado pela violência e pela agressividade, criada muitas vezes pela falta de diálogo ou até mesmo de compreensão. 

O cinto é o símbolo da união e do amor, e ele mata quem lho quisera entregar por amor a Deus. Aqui o herói é abatido pela depressão e pena que sente de si mesmo, característica de Peixes. 

Ao salvar Hesione da boca do monstro, Hércules compreende que tudo o que se faz, se reflecte no universo eternamente, e que para que o ser pare de sofrer, deve compreender que a dor é uma forma de redenção e aprendizagem que nos conduz ao crescimento. Que a aceitação da imperfeição do mundo é um caminho para atingir a perfeição.

Enquanto nos martirizamos com a culpa do mal feito, não assumimos a responsabilidade dos erros, mas quando aceitamos esta responsabilidade, transformamos esta dor em atitude, fazemos o bem e libertamo-nos das amarras do sofrimento. É neste momento e com esta tomada de consciência que passamos do trabalho ao serviço à humanidade.

Tarot




O Hierofante encontra-se agora com a energia dos Amantes integrada, mas depois de ter passado e, embora não explícito, chumbado na prova anterior, o herói precisa outra vez de reviver a energia deste Arcano para compreender que há sempre hipóteses, que as escolhas envolvem sempre várias possibilidades. É preciso alargar os horizontes da nossa alma para termos acesso aos estados seguintes.
 
Quando o iniciado compreende o que é o Amor, opta por começar a fazer as suas escolhas seguindo o coração, mas muitas vezes se esquece que o equilíbrio reside na utilização das duas forças de escolha, o mental e o emocional. Os Amantes trazem consigo essa energia, a dualidade da vida e a escolha de realizar um caminho equlilibrado. Aqui Hércules não opta inicialmente por uma escolha correcta, ele mata Hipólita e falha em ver que esta estava pronta a abdicar do seu cinturão de livre vontade.
 
Ao tomar tal decisão o herói abra a porta para a energia do Arcano XIII a Morte. A Morte é a carta das transformações, das metamorfoses, das mudanças. Falando em compreender que é preciso usar sensatamente o seu poder de destruição, a Morte surge como um castigo e Hércules tem de mergulhar dentro da escuridão das entranhas da serpente marinha para salvar a mulher que lá se encontra. Na Morte a transformação do herói será completa, ele terá de reconhecer a existência de um lado emocional em si e usá-lo na tomada das suas decisões.
 
A simbologia por trás deste episódio é simples, o herói precisa de integrar em si as duas froças existentes em si, o seu lado masculino e o seu lado feminino. Se na missão anterior ele tinha conseguido provar que era forte e dominador, agora ele deveria ter provado que era sensato e compreensivo. Felizmente que os seus mestres lhe dão sempre uma segunda oportunidade e o herói pode sempre remediar o que errou. Porém, o herói não poderá nunca negar esse seu lado mais predominante, apenas deverá balançá-lo com o seu oposto.
 
«Nos Amantes aprendemos a integrar os opostos, mas se as nossas escolhas continuam a ser baseadas na segurança das nossas capacidades, a Morte ataca-nos com força! O iniciado deve compreender que o coração e a mente, o masculino e o feminino, andam sempre de mão dada!»

quarta-feira, outubro 21

Os 12 Trabalhos de Hércules - 5º Trabalho



Os 12 Trabalhos de Hércules 

é um trabalho conjunto elaborado 

por 





Para a jornada da alma 

Escolhemos abordar os seguintes temas 

Mitologia, Astrologia e Tarot 


5º Trabalho 

“A morte do Leão de Neméia” 

Aprender a utilizar o poder e a coragem  


Mitologia

Hércules, descansando de seus trabalhos, desconhecia a próxima prova. Sentia-se forte e passava os dias perseguindo a corça sagrada até ao templo do Senhor. Chegou um momento em que a tímida corça conheceu bem o caçador que a perseguia, e mansamente submeteu-se ao seu comando. Assim, muitas e muitas vezes, ele carregava-a junto ao coração e dirigia-se ao templo do Senhor.
Assim descansava nosso herói. Foi então que lhe indicaram o Quinto Trabalho e para executá-lo, Hércules, armou-se até aos dentes, enquanto os deuses observavam-lhe os passos e as mãos firmes e o olhar decidido. Porém, no fundo do seu coração havia dúvidas, “Que estou fazendo aqui?” disse ele. “Qual é a prova, e porque razão estou assim armado?”

“Soou um chamado, oh Hércules, um chamado de profunda angústia. Teus ouvidos externos não responderam a esse chamado, e contudo, o ouvido interno conhece bem a necessidade, pois ouviu uma voz, sim, muitas vezes, falando-te da necessidade e incitando-te a ousar mais. O povo de Neméia procura a tua ajuda. Eles estão sofrendo muito. As noticias das tuas proezas espalharam-se. Eles procuram-te para que mates o leão que devasta a sua terra e vitima os seus homens.” 

“É dele este som selvagem que eu escuto? É o rugido de um leão atravessando o ar que estou a ouvir?”, perguntou Hércules.

E o mestre respondeu-lhe: “Vai, procura o leão que devasta as terras que estendem além. O povo desta terra vive silenciosamente a portas fechas, não ousam sair para as suas tarefas; não cultivam a terra, não semeiam. De norte a sul, de leste a oeste ronda o leão, e nessa ronda furtiva apodera-se de todos os que cruzam o seu caminho. O seu temível rugido é ouvido durante a noite e todos tremem por detrás das portas trancadas. Que farás tu, Hércules?” 

E Hércules, o ouvido atento, respondeu à necessidade. Sobre o caminho ele depositou as suas armas, retendo para seu uso o ramo que cortara com as suas próprias mãos de uma tenra e verdejante árvore. Ele acreditava que o belo conjunto de armas o tornavam pesado e retardariam os seus passos. Não precisaria de nada mais a não ser o seu forte ramo; e com ele o seu coração destemido, caminharia à procura do leão. Mandou avisar o povo de Neméia que estava a caminho e disse que expulsassem o medo dos seus corações. Hércules andou procurando muito o leão. Encontrou os habitantes de Neméia escondidos atrás de portas fechadas, a não ser por alguns poucos que se aventuravam a sair movidos pela necessidade ou pelo desespero. A princípio aclamavam Hércules com júbilo, depois com dúvida ao verem que ele estava desarmado. Diziam-lhe que fosse buscar as suas armas porque o leão era muito perigoso e forte, porém ele não lhes respondia e continuava seguindo o rasto e o rugido do leão. Perguntava aqui e ali, onde estava o leão e alguém lhe disse que o havia visto perto da sua toca e Hércules dirigiu-se para lá, com medo, mas destemidamente; sozinho, contudo não solitário, pois havia outros que acompanhavam seus passos, esperançosos.
Repentinamente ele viu o leão que ao ver Hércules como um inimigo que não demonstrava medo, rugiu violentamente fazendo tremer as árvores. Hércules correu ao encontro do leão gritando loucamente. O animal parou estupefacto diante de uma proeza que ele jamais vira, pois Hércules continuava avançando. De repente o leão deu meia volta e correu, à frente de Hércules e desapareceu misteriosamente. Hércules vasculhou todo o Caminho cuidadosamente até que descobriu uma caverna de onde partiu um trovejante rugido. Ele penetrou na caverna escura e saiu do outro lado, para a luz do dia, sem encontrar o leão. Ali parado ouviu o leão às suas costas, não à sua frente. 

“Que farei?” 

Enquanto pensava, olhava ao redor buscando uma solução e ouvia o rugido do leão. Então viu algumas pilhas de toros e gravetos em profusão. Puxou-os e arrastou-os com toda a sua força, bloqueou ambas as saídas, encerrando-se a si próprio e ao leão dentro da caverna. Com as suas mãos nuas agarrou o leão, prendendo-o ao seu próprio corpo, apertando-lhe o pescoço. O hálito do leão queimava-lhe o rosto, mas sem afrouxar as suas mãos, mantinha-o preso. Os rugidos tornaram-se cada vez mais débeis; seu corpo amolecia e escorregava. E, assim, sem armas, com as suas próprias mãos e a sua própria força, ele matou o leão, tirou-lhe a pele e mostrou-a ao povo do lado de fora da caverna.
Em triunfo, Hércules retornou ao seu Mestre, depositou a pele do leão aos seus pés e teve permissão para usá-la em substituição à velha e gasta pele que usava. 
 

Astrologia 

Este trabalho associa-se ao signo de Leão e Aquário. O Quinto Trabalho, o quinto signo. Este é o trabalho mais conhecido de Hércules e se distingue por ser o número cinco que contém em si mesmo um profundo significado. Do ponto de vista do ocultismo, o número cinco representa o homem, porque o homem é um divino filho de Deus, mais o quaternário que consiste na sua natureza quádrupla inferior: o corpo mental, o corpo emocional, o corpo vital e o corpo físico. 

O Leão é a fera que existe dentro do homem, e que se representa pela cobiça, ego, inveja, arrogância, vaidade, ódio e todos os tipos de sentimentos de baixa vibração. Por causa desta fera, todas as pessoas vivem fechadas dentro de si mesmas e não confiam em ninguém, porque na verdade vivem encerradas com medo de si próprias, não as deixando em paz nem durante a noite. 

Em Carneiro, a alma tomou para si o tipo de matéria que lhe permitiria entrar em relação com o mundo das ideias. Revestiu-se de um invólucro mental. O homem tornou-se uma alma pensante.  

Em Touro, fez o contacto com o mundo do desejo e seguiu-se um processo idêntico. Fez contacto com o mundo do sentimento e da emoção e o homem tornou-se uma alma que sente.

Em Gémeos, foi construído um novo corpo de energia vital através da reunião das energias da alma e da matéria e o homem tornou-se uma alma vivente.
Em Caranguejo, que é o signo do nascimento física e da identificação da unidade com a massa, o trabalho da encarnação foi completado e a natureza quádrupla manifestada.

Mas é em Leão que o homem se torna a “estrela de cinco pontas”, pois essa estrela é o símbolo da individualização, da sua humanidade, do ser humano que sabe que é um individuo e toma consciência de si mesmo com o “EU”. Aqui a relação entre o Quinto Mandamento com o Quinto Trabalho e o quinto signo torna-se clara: "Honra teu pai e tua mãe para que teus dias se tornem longos na terra que o Senhor, teu Deus, te deu", pois em Leão, Pai-Espirito e a Mãe-Matéria se unem no individuo e dessa união resulta aquela entidade cosnciente que é a alma.
Leão é também o signo no qual o homem auto-consciente começa o seu treino para a iniciação. Quando o trabalho deste signo termina, começa o treino específico da iniciação, em Capricórnio. 

O Leão de Neméia representa essencialmente a personalidade coordenada, dominante. Aqui, o aspirante, o leão de Judah, tem que matar o leão da sua personalidade. Tendo emergido da massa, e desenvolvido a individualidade (Aquário), ele então tem que matar aquilo que ele criou; ele tem que tornar inútil aquilo que fora o grande agente protector até o tempo actual. O egoísmo, o instinto de auto-protecção, tem que dar lugar ao altruísmo que é literalmente a subordinação do ego ao todo.

Sufocando o ego (o Leão) com as próprias mãos, Hércules sai em silêncio da caverna libertando (Aquário) o povo.
O arrancar da pele do leão, algo inútil, e torná-lo útil entregando-o a Deus e posteriormente, utilizando-a para se cobrir, mostra a inteligência de Aquário, transformando o mal em bem e mostrando ao Leão que o ego não é mesmo para ser sublimado.
Tarot
 
O Imperador torna-se nesta tarefa no Hierofante. Enquanto Imperador ele exerce o seu poder sobre o exterior, ele conseguiu seduzir a corça, ela obedece-lhe e está seguro do seu poder. Naqueles momentos mais nada importa senão ele e a corça, os Amantes aprendidos! 

Porém, as suas tarefas começaram a valer-lhe alguma popularidade e quando o povo de Neméia o chama para ajudar, já não é o Imperador, cheio de armas que vai ter com eles, mas sim O Hierofante, o Papa, munido apenas com um pau, um bastão, símbolo do seu poder e da sua auto-confiança. Qualquer iniciado passara por uma prova similar, vencer o seu orgulho e dominar o seu ego. 

Quando o povo o vê, seguindo o rasto do Leão apenas com um pau na mão, começa a desconfiar das suas capacidades e mesmo se aparentemente o herói não se deixa abater pela falta de confiança demonstrada, no fim acaba por ter necessidade de guardar a pele do leão para a usar como símbolo da sua vitória. Esta é a luta que o herói tem enfrentar no Hierofante, vencer a necessidade de receber do exterior adoração. O Hierofante é o Papa, o grau do professor em qualquer arte ou ofício. Para se ser professor precisam-se de alunos, para ensinar é preciso público e o que estaremos prontos para fazer em prol desse público. 

Para que o Hierofante seja uma energia produtiva e nos leve no Caminho certo para sermos o verdadeiro Louco, precisamos de passar pela Força. A Força é a imagem de uma mulher que agarra um leão, abrindo-lhe a boca mas não o magoando. O leão é o animal não dominado, a fera que existe dentro de nós em forma de sentimentos menos produtivos. Muitas vezes o herói falhou nesta tarefa, o animal não é para ser morto, mas sim para ser dominado. O melhor exemplo que vos podemos oferecer de um Leão domado é a história de São Jerónimo que ao ajudar o Leão o tornou seu amigo, de tal forma que quando S. Jerónimo morreu o leão faleceu com ele.

Os sentimentos como ciúme, raiva, inveja, orgulho, e por aí fora, não são para ser eliminados, erradicados de nós pois isso é impossível. Se ao invés de os continuarmos a ignorar os trouxermos à luz do nosso coração e mente, eles transformar-se-ão rapidamente na sua versão mais elevada. Ignorar ou lutar contra alguma coisa é também uma forma de lhe dar força. Mas o herói ainda precisa de continuar a trabalhar essa parte, pois no fim cede ao orgulho e à necessidade de demonstrar as suas conquistas representado pelo novo fato que ganha com a pele do Leão derrotado.

«O Hierofante exige uma personalidade domada. Se o herói continuar a matar os seus adversários, a Força nunca será domada.»

segunda-feira, outubro 19

Os 12 Trabalhos de Hércules - 4º Trabalho



Os 12 Trabalhos de Hércules 

é um trabalho conjunto elaborado

por 





Para a jornada da alma 

Escolhemos abordar os seguintes temas 

Mitologia, Astrologia e Tarot 


4º Trabalho

 “A Captura da corsa” 

O desenvolvimento da intuição



Mitologia 

Hércules foi incumbido de capturar a corsa com galhada de ouro.
Olhando ao redor de si, viu que ao longe, erguia-se o Templo do Deus-Sol. No alto de uma colina próxima viu o esguio cervo, objecto de seu quarto trabalho.
Foi então que Ártemis, que tem a sua morada na lua, disse a Hércules, em tom de advertência: “A corça é minha, portanto não toque nela. Por longos anos eu a alimentei e cuidei dela. O cervo é meu e meu deve permanecer.” 
Então, de um salto surgiu Diana, a caçadora dos céus, a filha do sol. Pés calçados de sandálias, em passos largos movendo-se em direcção ao cervo, também ela reclamou a sua posse. “Não, Ártemis, belíssima donzela, não; o cervo é meu e meu deve permanecer”, disse ela, “Até hoje ele era jovem demais, mas agora ele pode ser útil. A corça de galhada de ouro é minha, e minha permanecerá.”

Hércules observava e ouvia a disputa e perguntava-se porque as donzelas lutavam pela posse da corça. Uma outra voz atingiu-lhe os ouvidos, uma voz de comando que dizia: “A corça não pertence a nenhuma das duas donzelas, oh Hércules, mas sim ao Deus cujo santuário podes ver sobre aquele monte distante. Salva-a, e leva-a para a segurança do santuário e deixa-a lá. Coisa simples de se fazer, oh filho do homem, contudo, e reflete bem sobre as minhas palavras; sendo tu um filho de Deus, deves ir à sua procura e agarrar a corça. Vai.”

De um salto Hércules lançou-se à caçada que o esperava. À distância, as donzelas em disputa tudo observavam. Ártemis, a bela, apoiada na lua e Diana, a bela caçadora dos bosques de Deus, seguiam os movimentos da corça e, quando surgia uma oportunidade, ambas iludiam Hércules, procurando anular os seus esforços. Ele perseguiu a corça de um ponto a outro e cada uma delas subtilmente o enganava. E assim o fizeram muitas e muitas vezes. 

Durante um ano inteiro, o filho do homem que é um filho de Deus, seguiu a corça por toda a parte, captando rápidos vislumbre de sua forma, apenas para descobrir que ela desaparecer na segurança dos densos bosques. 

Correndo de uma colina para outra, de bosque em bosque, Hércules a perseguiu até à margem de uma tranquila lagoa, estendida sobre a relva ainda não pisada, ele viu-a a dormir, exausta pela fuga. Com passos silenciosos, mão estendida e olhar firme, ele lançou uma flecha, ferindo-a no pé. 

Reunindo toda a vonta de que estava possuído, aproximou-se da corça, e ainda assim, ela não se moveu. Assim, ele foi até ela, tomou-a nos braços, e enlaçou-a junto ao seu coração, enquanto Ártemis e a bela Diana o observavam. “Terminou a busca”, bradou ele, “Para a escuridão do norte fui levado e não encontrei a corça. Lutei para abrir meu caminho através de cerradas, profundas matas, mas não encontrei a corça; e por lúgubres planícies e áridas regiões e selvagens desertos eu persegui a corça, e ainda assim não a encontrei. A cada ponto alcançado, as donzelas desviavam meus passos, porém eu persisti, e agora a corça é minha! A corça é minha!”
“Não, não é, oh Hércules”, disse a voz do Senhor, “A corça não pertence a um filho do homem, mesmo embora sendo um filho de Deus. Carrega a corça para aquele distante santuário onde habitam os filhos de Deus e deixa-a lá com eles.”
“Porque tem que ser assim, oh Senhor? A corça minha; minha, porque muito peregrinei à sua procura, e mais uma vez minha, porque a carrego junto ao coração.”
“E não és tu um filho de Deus, embora um filho do homem? E não é o santuário também a tua morda? E não compartilhas tu da vida de todos aqueles que lá habitam? Leva para o santuário de Deus a corça sagrada, e deixa-a lá, oh filho de Deus.”

Então, para o santuário sagrado de Micenas, levou Hércules a corça; carregou-a para o centro do lugar santo e lá a depositou. E ao deitá-la lá diante do Senhor, notou o ferimento em seu pé, a ferida causada pela flecha do arco que ele possuíra e usara. A corça era sua por direito de caça. A corça era sua por direito de habilidade e destreza do seu braço. “Portanto, a corça é duplamente minha”, disse ele.

Porém, Ártemis, que se encontrava no pátio externo do sagrado lugar ouviu seu brado de vitória e disse: “Não, não é. A corça é minha, e sempre foi minha. Eu vi a sua forma, reflectida na água; eu ouvi seus passos pelos caminhos da terra; eu sei que a corça é minha, pois todas as formas são minhas.”

Do lugar sagrado, falou o Deus-Sol. “A corça é minha, não tua, oh Ártemis, não podes entrar aqui, mas sabes que eu digo a verdade. Diana, a bela caçadora do Senhor, pode entrar por um momento e contar-te o que vê.” A caçadora do Senhor entrou por um momento no santuário e viu a forma daquilo que fora a corça, jazendo diante do altar, parecendo morta. E com tristeza ela disse: “Mas se seu espírito permanece contigo, oh grande Apolo, nobre filho de Deus, então sabes que a corça está morta. A corça está morta pelo homem que é um filho do homem, embora seja um filho de Deus. Porque pode ele passar para dentro do santuário enquanto nós esperamos pela corça lá fora?”
“Porque ele carregou a corça em seus braços, junto ao coração, e a corça encontra repouso no lugar sagrado, e também o homem. Todos os homens são meus. A corça é igualmente minha; não vossa, nem do homem mas minha.”

Hércules diz então ao Mestre: “Cumpri a tarefa indicada. Foi simples, a ser pelo longo tempo gasto e o cansaço da busca. Não dei ouvidos àqueles que faziam exigências, nem vacilei no Caminho. A corça está no lugar sagrado, junto ao coração de Deus, da mesma forma que, na hora da necessidade, está também junto ao meu coração.”

“Vai olhar de novo, oh Hércules, meu filho”. E Hércules obedeceu. Ao longe se descortinavam os belos contornos da região e no horizonte distante erguia-se o templo do Senhor, o santuário do Deus-Sol. E numa colina próxima via-se uma esguia corça.
“Realizei a prova, oh Mestre? A corça está de volta sobre a colina, onde eu a vi anteriormente.”
E o mestre respondeu: “Muitas e muitas vezes precisam todos os filhos dos homens, que são os filhos de Deus, sair em busca da corça de cornos de ouro e carregá-la para o lugar sagrado; muitas e muitas vezes. O quarto trabalho está terminado, e devido à natureza da prova e devido à natureza da corça, a busca tem que ser frequente e não te esqueças disto: medita sobre a lição aprendida.”   

Astrologia 

Este trabalho está associado ao signo de Caranguejo e Capricórnio.
Nos quatro primeiros signos o aspirante prepara o seu equipamento e aprende a utilizá-lo.

Em Carneiro ele apossa-se da sua mente e procura submetê-la, aprendendo o controlo mental.

Em Touro, “a mãe da iluminação”, ele recebe o primeiro lampejo daquela luz espiritual cujo brilho aumentará progressivamente à medida que ele se aproxima da sua meta.

Em Gémeos, ele não só se apercebe dos dois aspectos da sua natureza, como o aspecto imortal começa a crescer às custas do mortal.

Agora, em Caranguejo, ele tem o seu primeiro contacto com aquele sentido mais universal que é o aspecto superior da consciência da massa. Equipado com uma uma mente controlada, com uma capacidade para registar a iluminação, habilidade para estabelecer contacto com o seu aspecto imortal e reconhecer intuitivamente o reino do espírito, ele está pronto para o trabalho maior.
Vimos que a corça era sagrada para Ártemis, como o instinto animal; para Diana, como o intelecto e para Apolo, como a intuição.

Cada um deles via nela um aspecto, porém Hércules, o caçador, viu nela algo mais: a intuição espiritual, essa extensão da consciência, esse altamente desenvolvido sentido de viva percepção que dá aos discípulos a visão de novos campos de contacto e lhe revela um novo mundo. Ele tem que aprender a usar o intelecto sob a influência de Diana, e por meio dele entrar em sintonia com o mundo das ideias e da pesquisa humana. Tem que aprender a levar essa capacidade que possui para o templo do Senhor e, vê-la transmutada em intuição e por meio da intuição tomar consciência das coisas do espírito e daquelas realidades espirituais que nem o instinto, nem o intelecto lhe podem revelar.

Com o tempo, o herói vence a corsa pelo cansaço, como os nativos de Caranguejo fazem com as pessoas, quando desejam realmente algo. No momento oportuno, sem ansiedade, e absolutamente seguro de todos os seus movimentos, e com a frieza de Capricórnio ele captura a corsa. Ao colocá-la junto do coração, o herói dá-lhe o calor, a segurança e o Amor de Caranguejo, e quando olha para trás depois de a ter liberto no templo, vê-a feliz nas montanhas, e porta em si a compreensão de que aquele ser que ele verdadeiramente amava, está solto e livre, em paz e em segurança. Não precisava de a ter consigo por posse (Caranguejo), mas liberta e segura (Capricórnio) porque ela estava no seu coração. 

Tarot


Quando Hércules tem de realizar a 4.ª tarefa já se encontra num estado avançado de integração dos seus vários corpos, vários sentidos, vários elementos. Ele já é capaz de ouvir as vozes dos Mestres que o guiam, já não se deixa enganar por outras vozes, respeita as suas tarefas como elas merecem. É já um homem maduro.
Esta é a aprendizagem que o Imperador oferece, um autodomínio, um autocontrolo que nos permite ser capaz de lidar com qualquer situação. Agora sim o herói está pronto para receber a sua energia pura e não deturpada.

Como qualquer iniciado, o desejo de algo é o que nos move. O herói aqui sente o desejo pela corça, símbolo sagrado entre as comunidades antigas, e ainda por cima esta corça tem as hastes em ouro, mais uma vez o metal puro.
O Arcano que nos oferece esta lição é Os Amantes. Diana e Ártemis são ambas a mesma personalidade, uma romana outra grega, e ambas se encontram a disputar a corça com o herói, seguindo o olhar atento do Deus-Sol, imagem muito bem representada no tarot de Toth para este Arcano.
Os Amantes é a energia do Amor, do desejo, da primeira escolha que o herói tem de fazer. Nesta etapa a escolha é simples, quereremos o nosso Amor e o nosso Amado só para nós, encerrando-o numa prisão de desejos e manipulações, ou seremos capazes de o partilhar com quem quer que o deseje. Seremos nós egoístas ao ponto de o matar para o capturar ou conseguiremos libertá-lo mesmo antes disso?
A esta energia muitas vezes é associado o Diabo. Enquanto os Amantes nos mostra a escolha de um caminho para o Amor livre, o Diabo mostra-nos a escolha de um caminho aprisionado. Quando o escolhemos vivemos as emoções mais densas, achamos que quem gostamos é um objecto que nos pertence, assim como o herói quando de apaixonou pela corça, e a desejava possuir apenas para si.

A lição a aprender é a partilha do Amor, seja ele qual for, deve ser partilhado e o receptor do nosso Amor deve ser livre de fazer as suas próprias escolhas. O Amor como a corça deverá ser levado para o lugar sagrado, onde a flecha do cupido não o matará com paixões e desejos egoístas, mas o libertara para avançar na espiral da espiritualidade. 

«Se o herói não compreender a natureza livre do Amor, será Governado pelo Diabo.»

Selos

EU SOU LUZ E QUERO ILUMINAR...
Cada passo do meu caminho para poder partilhá-lo contigo.