"O único meio de olhar para o nagual é como se fosse uma coisa normal. É preciso piscar para poder romper a fixação. Nossos olhos são os olhos do tonal ou talvez fosse mais próprio dizer que nossos olhos foram treinados pelo tonal e, portanto o tonal os reivindica. Um dos motivos de sua perplexidade e desconforto é o facto de seu tonal não largar seus olhos. No dia em que fizer isso, seu nagual terá tido uma grande vitória. A sua obsessão, ou melhor, a obsessão das pessoas é arrumar o mundo de acordo com as regras do tonal; portanto, cada vez que defrontamos com o nagual, fazemos o possivel para tornar nossos olhos rígidos e intransigentes. Tenho de apelar para a parte do seu tonal que compreende esse dilema e você deve fazer um esforço para libertar os seus olhos. O problema é convencer o tonal de que existem outros mundos que podem passar diante das mesmas janelas. (...) Assim, deixe seus olhos serem livres; que sejam janelas de verdade. Os olhos podem ser as janelas para espiar para dentro do tédio ou para espiar aquele infinito" (In Porta para o Infinito - Carlos Castañeda)
Quantos e quantos seres humanos se debatem actualmente entre o ego e o não-ego? Entre a mente e a não-mente?
Passaram-se vidas a negar o Ser, e agora este mesmo Ser chama-os, grita-lhes aos ouvidos, aos olhos, ao coração, e embora lhe tenham vislumbres estonteantes e por vezes até catársicos desse mesmo Ser, quando lhes passa o entusiasmo do que viram, depressa correm as cortinas para não ver.
Não querem ver mais do que aquilo que a mente lhes mostra, e o que está para lá dessa mesma mente, torna-se-lhes incompreensível, embora, continuem a ter uma certa curiosidade por levantar uma ponta da cortina, mas o medo inunda-os tanto que depressa a fecham e negam.
Pergunto-vos: O que será? O que esperam da vida? Continuar "blind-folded", cegos?
Às vezes, custa-me tanto observar estas situações...
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