8 da manhã. Cedinho, bem cedinho, com orvalho fresquinho.
O Sr. José (foi o nome que lhe dei) é dono da mercearia lá perto do meu trabalho.
Passo lá todos os dias à porta, e todos os dias, este senhor tem o mesmo ritual. Descarregar a fruta fresca que traz do mercado.
Mas hoje, foi diferente. Sim, tão diferente, que não pude evitar sorrir pelo gesto.
Eu conto.
O Sr. José, todos os dias, tal como eu já disse, descarrega a fruta da sua camioneta, e coloca os caixotes no expositor que tem na rua. A fruta assim embalada, fica logo exposta para que os fregueses se possam servir.
Mas hoje, o Sr. José, estava a descarregar não os caixotes, aliás, já o tinha feito, mas sim a fruta.
O Sr. José, retirava com uma enorme delicadeza os cachos de uvas de dentro do caixote, para com maior delicadeza ainda, os colocar no cesto que tinha já colocado no expositor.
Na verdade, o que me chamou realmente a atenção, e talvez porque passei tão próximo e tenha sentido o que senti, foi o seguinte:
- O Sr. José não se limitava a colocar as uvas no cesto, o Sr. José acariciava as uvas, e dava-lhes todo o seu amor. O Sr. José estava num pleno de acto de entrega ao seu trabalho, e todo ele, com todo o seu coração estavam a amar o que faziam.
Era sobre isto que eu queria falar.
Em tudo o que colocamos amor, quando fazemos, quando tocamos, quando dizemos, seja levar o nosso cãozito à rua quando chegamos a casa, seja dar um abraço forte de despedida logo de manhã aos nossos filhos, seja quando chegamos ao trabalho dar um feliz bom dia aos nossos colegas e ter oportunidade para ouvir algo deles, enfim, seja o que fôr, fará toda a diferença em cada um dos nossos dias.
E porquê? Porque ao fazê-lo, fazêmo-lo de coração, e quando fazemos de coração, tudo à nossa volta vibra na mesma frequência, tudo à nossa volta ressoa amor também.
E agora pergunto, será assim tão dificil, tentarmos em cada dia, abrirmos o nosso coração?
Comecemos por pequenas coisas.
Tão pequeninas como o dizer bom dia ao Sr. José quando lá passo à porta, e eu, nem sequer sou cliente habitual, mas hoje, fui lá comprar aquelas uvas e disse-lhe: "Hoje de manhã vi o senhor a descarregar estas uvas, e tratou-as com tanto carinho, que tenho a certeza devem ser maravilhosas."
O homem esboçou um sorriso de agradecimento e viu o seu trabalho compensado. E eu lá regressei para casa também feliz, porque ele tinha ficado um pouco feliz também.
É dificil, nas contrariedades conseguirmos manter o nosso amor ou o nosso sorriso, mas é através de um sorriso muitas vezes que amamos e somos amados.
Muita paz para vocês.
5 comentários:
Oiço um piano dentro de mim...
E é com esse som que venho aqui informar que já lá tenho nos linques o destaque "Dia 23 - uma surpresa conunta destes blogues".
Fiquem em paz.
Um abraço
António
O que acabei de ler fez-me sorrir, também. De ternura pelos Senhores Josés, por ti,...
Um abraço terno
CN
CN, Obrigada pela visita. E pela ternura do teu sorriso.
Volta sempre, e traz essa tua ternura. Para mim, e para o mundo.
Um abraço terno para ti também.
Boa... Excelente... é mesmo assim... Um abraço.
Fica bem.
(A Mónada)
ate para cozinhar uma qualquer comida nem q seja arroz branco ou esparguete simples e preciso saber faze-lo com muito amor...
e fazer posts...tb.
beijos
Enviar um comentário