segunda-feira, julho 25

Kryon - A parábola do pai e do filho - I

Pensemos um pouco no que muitas vezes andamos por cá a fazer.

"E agora, permitam-me que vos conte uma história acerca do pai e do filho. Permitam que o amor sature cada um dos poros de vosso corpo, à medida que a verdade desta história real se abre perante vós. Agora é o momento da cura pela qual vieram aqui e pela qual estão a ler este livro. Sim, falo directamente para si. Sabemos quem você é!
Era uma vez um pai no planeta Terra. Bom... ainda não era pai mas esperava sê-lo, pois o nascimento de um filho estava iminente. Confiava que fosse um filho varão, pois tinha grandes planos para ele. Era carpinteiro e pretendia ensinar-lhe o ofício.
Pensava para consigo: “Oh, tenho muita coisa para lhe ensinar... todos os truques do ofício. Sei que se sentirá excitado e que perpetuará a linhagem do nosso ofício nesta família ”.
Quando ocorreu o nascimento e teve realmente um filho varão, sentiu-se cheio de alegria: “Este é o meu filho!”, gritou ao mundo. “Este é o que levará o meu nome. É o novo grande carpinteiro, pois eu lhe ensinarei tudo o que sei. Passaremos muito tempo juntos, o meu filho e eu."

À medida que o bebé foi crescendo e ficou maior, começou a amar o pai, pois ele adorava-o. Sempre que surgia oportunidade levantava-o e dizia-lhe: “Filho, esperarei até poder compartilhar contigo a nossa vida. Vais adorar. Compartilharás da nossa linhagem, do nosso ofício e da nossa família. Teremos orgulho de ti, inclusive muito depois de eu ter partido deste mundo”.

Mas ao longo do caminho, aconteceu algo insólito. À medida que a vida avançava, o filho sentiu-se lentamente sufocado pela atenção do pai e começou a ter a sensação de que tinha o seu próprio caminho para seguir, ainda que não conseguisse expressar-se com estas palavras. Mas tal sensação começou a revelar-se. Quando chegou aos dez anos de idade, já não se mostrava interessado pelo que o pai tinha a dizer acerca da carpintaria ou da linhagem. Então, no dia seguinte, disse-lhe: “Pai, rogo-lhe que me respeite. Tenho os meus próprios desejos e apetências. Estou interessado em certas coisas que não têm nada a ver com a carpintaria”.
O pai, que não queria acreditar no que estava a ouvir, respondeu: “Mas, filho... Não estás a compreender. Olha... Eu sou mais sábio do que tu, e posso tomar decisões em teu nome. Permite-me ensinar-te estas coisas. Confia em mim. Permite que, como teu mestre, eu seja o que devo ser, e passaremos um tempo estupendo juntos, tu e eu”.
Mas o filho replicou: “Eu não vejo as coisas desse modo, pai. Não desejo ser carpinteiro, nem desejo ferir os seus sentimentos, senhor. Mas tenho o meu próprio caminho para percorrer e desejo fazê-lo”. Esta foi a última vez que o filho chamou “senhor” ao seu pai, pois a honra entre pai e filho deteriorou-se gradualmente, e diminuiu até converter-se num vazio negro, cheio de escuridão.
À medida que o filho foi crescendo, deu-se conta de que o pai continuava a insistir para que ele se convertesse em algo que não desejava ser. Em consequência, o filho abandonou o lar, sem sequer se despedir do pai. Em vez disso, deixou-lhe um bilhete onde dizia: “Rogo-te que me deixes sozinho”. O pai sentiu-se mortificado. Pensou: “Ah! O Meu filho!... Passei vinte anos à espera de que chegasse este momento... Supus que ele ia ser tudo o que mais desejei..., o carpinteiro, o grande mestre do ofício que teria o meu nome. Sinto-me envergonhado... O meu filho, arruinou a minha vida!”
E o filho ao longo da sua existência, pensou sobre o seu pai: “Este homem arruinou a minha infância e projectou algo para mim que eu não escolhi ser. Em resposta, decidi não sentir afecto por ele”. E foi assim que se produziu cólera e ódio entre pai e filho, e isso permaneceu nas suas vidas até à morte.
Quando o filho teve o seu próprio filho - uma formosa menina - pensou: “Talvez, só talvez, devesse convidar o meu pai para ver esta minha filha da sua linhagem”. Mas logo reconsiderou na ideia, ao pensar: “Não, este é o pai que arruinou a minha infância e que me odeia. Não vou compartilhar nada com ele”.
Assim, o pai nunca chegou a conhecer a sua neta.
Então, aos seus oitenta e três anos, o pai morreu. No leito de morte, olhou para trás e disse: “Agora que a minha morte parece iminente, chamarei o meu filho”. Assim, no momento de sabedoria que surge perto da morte, com a intuição e o conhecimento dizendo-lhe o que se avizinhava, pediu a alguém que lhe trouxesse o seu filho. Todavia, recebeu a resposta de que ele não queria vê-lo. Quando soube do sucedido, o filho pensou: “Não me importo com o que te está a acontecer, pois arruinaste a minha vida. Permanece afastado de mim”. E logo, acrescentou: “ Alegrar-me-ei com a tua morte”. Oh, quanta cólera e ódio havia nele!
E o filho levou uma bela vida. Passados oitenta anos, também ele morreu rodeado por uma família que o amava com ternura, e que lamentava que a sua essência já não continuasse vivendo neste planeta Terra.” (continua)

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