segunda-feira, julho 24

Tantra - A suprema arte

“O homem foi condicionado contra o corpo. Foi dito por todas as religiões que, se você quer se tornar espiritual, você tem de tornar-se anticorpo. Se você quer alcançar o outro mundo, você tem de renunciar a este mundo. Todo o esforço no passado foi o de torná-lo tão pouco vivo quanto possível. E o seu corpo é um fenómeno de tamanha beleza! Ele é você. Ele é a sua circunferência e, se você negar a circunferência, você não pode jamais encontrar o centro dela. O centro é o seu ser; ele não é contra o corpo. Ele não pode sobreviver sem o corpo por um único momento; o corpo é a nutrição dele”.
OSHO, From Death to Deathlessnes, # 10

O Tantra (género masculino) é uma filosofia comportamental que surgiu entre os drávidas.


O Tantra trata as relações do indivíduo consigo mesmo, com ou outros seres humanos, com os animais e com a Natureza. A base desse relacionamento é a sensorialidade e a vida.
Se um determinado comportamento gera sensorialidade e vida, é tântrico. Por outro lado, se gera dor, sofrimento ou morte não é tântrico.
É filosofia, pois todo o comportamento está direcionado para que o indivíduo compreenda a condição humana. Embora, para os ocidentais, falar em filosofia comportamental pareça estranho.
A dualidade tântrica é representada por Shiva – princípio masculino – e Shakti – princípio feminino. A solução da dualidade é a integração completa dos princípios femininos e masculinos.
Nas esculturas, a representação é feita por um homem sentado e uma mulher sentada no colo do homem. Ambos beijam-se. Pela própria representação artística do Tantra, percebe-se a importância do relacionamento afetivo.
O símbolo máximo – o casal cósmico – representa a sintonia do Tantra com a sensorialidade. Quando o ocidental foi ao oriente e vislumbrou uma sexualidade tântrica livre, encantou-se. O ocidental acostumado com a repressão religiosa onde o sexo, na maioria da oportunidades, é pecado, quando percebeu a possibilidade de vivenciar a sexualidade e ainda produzir evolução interior, absorveu essa verdade e mutilou o Tantra.
Quando lemos um livro de Tantra, na maioria da vezes, é um livro de sexo. Entretanto, o Tantra é muito mais que isso. A sexualidade é apenas uma parcela do universo tântrico.
O Tantra é o culto da feminilidade. É o culto ao princípio feminino. Por conseqüência, culto à mulher. Nesse contexto, a mulher aparece no culto à deusa-mãe. A mulher aparece, a um tempo, como símbolo da fertilidade e é adorada, a outro, como mulher que proporciona prazer e satisfação.
Quando um homem tântrico se relaciona com a mulher, está a envolver-se com a expressão mais sofisticada da Natureza. O homem relaciona-se com o ser que consegue dar continuidade à vida (deusa-mãe) e, ao mesmo tempo, proporciona níveis de prazer fantásticos. Portanto, esse homem deseja estar o mais tempo possível em contato com essa “divindade”.
Assim, a relação sexual passa a ser longa e extremamente prazerosa. Nesse contexto, a sexualidade tem conotações de adoração e é instrumento para perceber e desenvolver o universo interior do ser humano. Ou seja, a mulher além de deusa-mãe e fonte inesgotável de prazer, permite ao homem o encontro, a descoberta e a realização do universo interior. Através da mulher, o homem percebe-se, conhece-se e realiza a condição humana.
Pela concepção tântrica, toda mulher carrega consigo o princípio da feminilidade. Evidentemente, em algumas mulheres é fácil perceber esse aspecto “divino”, pois são mulheres divertidas, felizes, bem resolvidas e que acreditam na vida. Entretanto, reduzir o Tantra ao sexo é ver parcela insignificante do universo sensorial.
A reciclagem de lixo, por exemplo, está no contexto tântrico, pois é uma atitude sensorial no sentido em que preserva o ambiente e a beleza da natureza.
Não comer carnes é outra manifestação tântrica, pois não provoca dor e sofrimento a outro ser causando-lhe a morte.
Ter um relacionamento alegre e divertido com os filhos, com os amigos é atitude tântrica, pois está pautada no prazer e na sensorialidade.
Todas as atitudes que provocam dor, sofrimento e morte, de maneira directa ou indirecta não estão em acordo com o Tantra.

Por Clélio Berti Universidade de yôga

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