quinta-feira, julho 31

E quando a Luz se Apaga?


(Aviso à navegação para quem me lê habitualmente... e para aqueles que possam pensar... este não é o meu estado actual!
Foi um momento de vida que já passei e que muitos de nós passamos sim, mas já foi há uns 3 anos. Simplesmente, por conhecer quem esteja agora a passar por isto, lembrei-me de o escrever).



Há momentos…


Momentos na vida… em que ficas “”… Tu… Contigo mesmo

Todos os teus problemas… se tornam numa pirâmide que parece nunca desvanecer-se… ou então, a tua satisfação no trabalho já não é a mesma, os teus colegas parece que mudaram (aos teus olhos), o teu relacionamento desmorona-se, sentes que aquela pessoa que tens ao teu lado já não acrescenta mais nada ao teu crescimento, e não sabes o que vem aí. Tens medo do que não conheces e o que conheces já não te diz nada.
Tudo assume uma proporção exagerada aos teus olhos… menos o teu SER…. Que fica tão, mas tão pequeno perante a imensidão de tudo…

E quando sentes que nada te resta… a não ser… esperar… e olhar bem para dentro de ti, ficar no teu EU profundo… e auscultar aquela vozinha que teima em não vir…
Quando te parece que não há anjos, nem guias, nem ninguém que te console… e o teu único consolo, são as lágrimas que brotam incessantemente dos teus olhos… tornando-te ainda mais “monstruoso” perante Ti próprio… segundo os teus padrões e os teus olhos tridimensionais.
E tentas meditar… e não consegues… porque nem forças tens para isso, e nem forças tens para caminhar no teu dia-a-dia, porque até o corpo te dói… e tudo é de uma aridez imensa porque nada te alegra os dias.

E começas a curvar-te, a encarquilhar-te… a enrolar-te como uma lagartinha, como um bicho-de-conta quando tem medo.

Ficas… ficas muito dentro… silencias… não queres falar… não queres nada… só ficar ali…
Fechas os olhos… procuras a luz e só consegues ver-te como se estivesses dentro de um casulo… estás ali, naquela imensa escuridão, queres sair, mas nem sabes para onde nem como… E procuras alento… e não encontras…
E o que os amigos te dizem, não te satisfaz. As respostas que procuras não as ouves dentro, e as de fora não te servem. Nada serve, na verdade.

E ficas… ficas mais… dentro… para dentro… tão para dentro…

Que dor!!!
Que… DOR!!!

Estás tão intrinsecamente dentro de ti, feito num novelo, que te parece impossível saíres deste emaranhado de ti mesmo…

E as dúvidas?
Dúvidas de tudo o que sabes… de quem julgas que és… que foste…
Não te reconheces a ti mesmo, nem os outros te reconhecem… simplesmente percebem que não estás bem… e não sabem quem és… Nem tu mesmo!

Começas a questionar… se valerá a pena todo este esforço… e para quê afinal.
No fundo, sentes-te isolado de toda a sociedade… e perguntas-te se não estarás a criar um fosso maior, com aquilo que sabes que é o teu crescimento, a tua evolução, a tua busca de centramento, o sair de toda a materialidade e consumismo de tudo o que te rodeia. E à tua volta, tudo permanece igual por muito que faças.

Perguntas-te sobre o que te faz feliz e se alguma vez isto fará sentido e até, porque estás assim, porque te sentes tão só e isolado.
Os livros já não te dão respostas… parece-te tudo tão distante… e no mundo nada muda, apesar do teu esforço.
As tuas perguntas pairam entre coisas do género… De que adianta tanto sofrimento? De que adianta mais esta pele que cai de mim?
Sou como uma cebola a ser descascada e a única coisa que vejo é o ardor que ela me provoca nos olhos fazendo rolar lágrimas na minha face.

Desenrolas a tua vida à tua frente como se estivesses numa sala de cinema, vês alguns dos teus medos saltarem-te para o colo e tomas consciência deles e procuras libertar-te mas parecem pastilha elástica agarrada a ti, estica mas não parte. Queres esquecer, esquecer tudo. Parar o mundo e sair.

E ficas, neste mar de lágrimas, neste quarto escuro e procuras olhar pela janela e ver a luz do dia… E pedes a Deus que te dê a luz que necessitas, e que não te abandone, mas é difícil ouvir a Sua (tua) voz. Sentes a tua centelha apagar-se…

Sabes que este é mais um momento de vida, mas que te parece não ter fim.
Sabe, contudo, que sairás mais fortalecido de ti mesmo, mais íntegro, mais capaz de enfrentar, seja lá o que te aparecer.
Sim, já sei… estás cansado de ouvir isto e toda a gente diz a mesma coisa, mas ninguém sabe como te sentes na realidade, não é?! Ninguém pode ter a ousadia de dizer que sabe o que o outro sente… os teus sapatos estão ajustados aos teus pés, não é assim? E a tua vivência, a tua experiência de vida enriqueceu-te durante tantos anos, quantos os que demoraste a chegar aqui, e as barreiras que criaste para te protegerem foram sempre tão altas que achaste que nunca nada ali penetraria e que estarias sempre seguro contra as intempéries.

Se te consola de alguma forma (eu sei que não), não é só a ti que acontece esta travessia… esta secura de tudo, de ti próprio, dos outros, daquilo que sentes, de Tudo!

Por isso mesmo… te desejo…
Uma boa travessia neste deserto, onde a única humidade que subsiste provém dos teus olhos… até à tua própria Verdade!
E elas, as tuas lágrimas, só secarão pelo Fogo que começará a brotar de dentro de ti, a despertar aquecendo-te, acalentando-te, aconchegando-te e protegendo, até te sentires embalado nuns braços de imensa ternura.

No final… como dizem as historinhas de encantar… tudo acaba bem… porque nada acaba e tudo se inicia, como numa espiral contínua. Tudo, simplesmente, muda, porque tu permitiste que tu próprio mudasses.
E tu sabes… como é bom ter inícios na tua vida, coisas novas, ar novo, pessoas novas, e tu próprio… ÉS NOVO!
Com um coração maior, cheio de mais amor, e com mais vontade de viver e rir e cantar e dançar e saltar e gritar ao mundo: ESTOU VIVO....!!!! e pronto para servir.

A todos… os que atravessam a aridez… Bem Hajam!
E aos que ainda não lá chegaram… descansem… talvez tenham que por lá passar também!


Abraço-vos num Amor Imenso.

Dá-me a tua mão e vamos caminhar juntos.

!!!LUZ!!!


Onda Encantada






(Sting - Let Your Soul Be Your Pilot)






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