Que entendeis por “levar uma mensagem”? Entendeis repetição de palavras – propaganda? A propaganda, por sua própria natureza, é um meio de condicionar a mente.
Qualquer espécie de propaganda – a propaganda comunista, a propaganda religiosa, etc. — visa condicionar a mente.
Se aprenderdes uma “técnica” (como modernamente o chamais), um método, se o decorais e repetis, sereis um bom propagandista; se sois arguto, hábil, eloquente, condicionareis os vossos ouvintes de uma maneira nova, em substituição da antiga; mas isso será ainda condicionamento, ainda que limitado. É esse o nosso problema.
Os problemas surgem porque estamos condicionados. A nossa educação condiciona-nos. É possível ter a mente livre de condicionamento? Esse estado tem de ser descoberto. Não se pode dizer que ele é possível ou impossível.
Quando perguntais “possuís uma técnica?” Talvez entendais um método, um sistema para aprenderdes como um estudante e para repetirdes. O problema é algo muito mais fundamental, e radicalmente diferente. Não há técnica que aprender. Não necessitais levar a minha mensagem; o que deveis levar é a vossa mensagem, e não a minha.
Esta existência de sofrimento e confusão é o vosso problema. Se o compreenderdes, se puderdes compreender a experiência de uma mente condicionada, e passar além, sereis vós então quem ensina; não haverá então mestre, e não haverá discípulo. Mas, tendes de compreender a vós mesmos, e não de aprender a minha técnica ou levar a minha mensagem.
O que importa é que se compreenda que este é o nosso mundo; que juntos podemos construir este mundo: juntos e felizes; que nós, vós e eu, estamos em relação um com o outro; que o que fazeis e o que eu faço, interiormente, é de grande significação; que a maneira como pensamos é importante; e que o pensamento, que é sempre condicionado, não resolverá o nosso problema.
O que resolverá o nosso problema é a compreensão das tendências do nosso pensar. No momento em que compreendermos a maneira como pensamos, dar-se-á uma radical transformação, interiormente não seremos mais hinduístas, cristãos, comunistas, socialistas ou capitalistas; seremos entes humanos, entes humanos dotados de sentimentos, de amor, de consideração. Isso não resulta meramente de se aprender uma técnica ou de se levar a mensagem de outro homem.
Não se pode adquirir amor mediante o emprego de uma técnica. Pode-se adquirir sensação, por meio de uma técnica; essa coisa, porém não é amor. O amor é algo que se não pode ensinar, que se não pode difundir por meio dos jornais, de técnicas, de propaganda.
Ele tem de ser sentido e tem de ser compreendido. Mas se repetis “amor, amor, amor”, isso não tem sentido nenhum. Tereis conhecimento desse amor, quando vossa mente for tranquila, quando estiver livre do seu condicionamento, das suas ansiedades, dos seus temores. E esse amor é que é a verdadeira revolução, a qual alterará todo o processo do nosso ser.
Krishnamurti
8 de fevereiro de 1953 – Palestra em Bombaim
Do livro: “Autoconhecimento – Base da Sabedoria”
Numa iniciativa conjunta os seguintes blogues possuem todos o mesmo post colocado a 6 de Novembro
Difusão da Alma
Fuzil Cósmico
Nave Azul
O Cálice
O Novo Homem
Postais da Novalis
Com a Palavra, o Meu Lado Infinito (por razões técnicas só fará a sua publicação mais tarde)
4 comentários:
Gosto da vibração deste teu blog. :)))
Beijinhos
Canela,
Obrigada pela tua visita. Que este texto possa difundir-se pelos muitos corações que aqui passem, e que todas as pessoas, que ao lerem, sintam no seu coração a forma mais simples (para alguns a mais complicada) de passarem uma mensagem. Pelo Coração.
Que seja sempre assim que sintamos.
Um abraço terno
Lubenlira,
O âmago... o coração...
O centro do ser...
É mesmo isso. Todos tenham a capacidade de o sentir assim.
Bem hajas.
Um abraço daqueles
Foi bom estar aqui... Voltarei.
Um abraço de luz.
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